Quais são os significados e dimensões do Yoga?
Calcula-se que o Yoga tenha nascido na Índia há mais de 5.000 anos, tendo em conta as antigas escrituras védicas e os achados arqueológicos no Vale do Indo que assim incluem um conjunto de cerâmicas com figuras representando posturas de Yoga.

Em termos gerais, o Yoga é um corpo de Conhecimento milenar. Como resultado pode ser visto sob diversos prismas: como uma Ciência que fortalece o corpo, tranquiliza a mente e amplia a consciência; como uma Arte que harmoniza o ser humano como um todo e desenvolve a sensibilidade; como uma Filosofia de vida que abre novos caminhos de conhecimento e desenvolvimento pessoal; como uma Técnica de bem-estar que promove a saúde integral.

Em termos mais específicos, o Yoga pode ser assim definido em função de:
a) Meta ou fim último a alcançar;
b) Meios e técnicas utilizadas para alcançar essa meta;
c) Processo e dimensões exploradas;
d) Estado interno resultante (e necessário para alcançar a meta).

Vejamos cada um destes aspectos:
a) Meta ou fim último a alcançar:
A palavra Yoga deriva etimologicamente da raiz verbal yuj (em sânscrito), que significa “ligar, manter unido”. Esta “união” refere-se à integração do corpo físico, mental e espiritual do ser humano, e, consequentemente num plano mais elevado, também à fusão do Ser Individual (jîva-âtman) com o Ser Universal (parama-âtman) ou Consciência Suprema, designando-se tal processo como Samadhi ou Auto-transcendência –  sendo esta a meta do Yoga.
b) Meios e técnicas utilizadas para alcançar essa meta:
Para atingir este estado de Auto-transcendência e devido a este, desenvolveram-se na Índia diversos meios e técnicas, que deram origem a diferentes Ramos do Yoga:

  • Jnâna-Yoga – caminho do conhecimento, intuição e sabedoria, através do estudo das escrituras e meditação;
  • Bhakti-Yoga – caminho do amor e devoção (a uma divindade, guru ou profeta), através de rituais, cânticos e louvores;
  • Karma-Yoga – caminho da acção e do serviço altruísta e desinteressado de recompensas, através de actos espontâneos e livres de motivações egóicas;
  • Hatha-Yoga – caminho do domínio do corpo e da respiração, através de posturas físicas, técnicas de respiração e purificação (como forma de preparação para o Raja Yoga);
  • Raja-Yoga – caminho do domínio da mente e da consciência, através da meditação e disciplinas mentais.

Cada ramo do Yoga foca um determinado aspecto em particular, e utiliza técnicas específicas para o desenvolver, no entanto, todos se referem ao mesmo processo de desenvolvimento pessoal e espiritual. Independentemente do caminho escolhido e das técnicas utilizadas para o percorrer,  acima de tudo o Yoga é só um, porque o objectivo é sempre o mesmo: a Auto-realização.

c) Processo e dimensões exploradas
O Yoga Clássico de Patanjali, que constitui uma das grandes escolas clássicas do pensamento indiano ou Darshana (“perspectiva, ponto de vista”), sistematiza todo um percurso, constituído por 8 membros ou dimensões:

  1. Yama: Princípios éticos universais, cuja essência é não prejudicar nenhum ser vivo através de pensamentos, palavras ou actos, isto é: 1) Não-violência; 2) Verdade; 3) Não-roubar; 4) Auto-contenção; 5) Não armazenar aquilo que não é necessário.
  2. Nyama: Disciplinas corporais e psíquicas, isto é: 1) Purificação do corpo; 2) Contentamento; 3) Austeridade; 4) Auto-estudo; 5) Dedicação.
  3. Asanas: Posições corporais nas quais é possível permanecer física e mentalmente estável, calmo, imóvel e confortável por um longo período de tempo, isto é até se tornarem posturas meditativas.
  4. Pranayama: Respiração yóguica, que consiste na regulação da inspiração, expiração e retenção da respiração, proporcionando uma atitude introspectiva, assim a base do conhecimento espiritual.
  5. Pratyahara: Libertação da mente face ao domínio exercido pelos sentidos: a mente é dirigida para o interior, ficando protegida dos distúrbios e distracções externas.
  6. Dharana: Concentração da atenção, na qual a mente está focalizada num único ponto ou objecto.
  7. Dhyana: Concentração prolongada conduzindo à Meditação.
  8. Samadhi: Estado transcendental, no qual a consciência do “Eu” desaparece; O sujeito liberta-se dos seus apegos (que são fonte de sofrimento), e assim alcança a liberdade absoluta do Espírito.

d) Estado interno resultante (e necessário para alcançar a meta):
Yogas chitta-vritti-nirodhah” (Patanjali Yoga Sutras I-2). O Yoga é a restrição das flutuações da consciência. É, assim, a prática de silenciar a mente e fazer cessar o “turbilhão mental”. É, certamente, um estado de aquietamento interno que, por si só, é absolutamente transformador!

“Não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a Liberdade; ela habita o seu corpo, o seu coração, a sua mente, a sua alma.” (B.K.S. Iyengar)

 

What are the meanings and dimensions of Yoga?
It is estimated that Yoga was born in India more than 5,000 years ago, considering ancient Vedic scriptures and archaeological finds in the Indus Valley which include a set of ceramics with figures depicting Yoga postures.

In general terms, Yoga is a body of millennial Knowledge. As a result, it can be seen under various prisms: as a Science that strengthens the body, reassures the mind and widens consciousness; as an Art that harmonizes the human being as a whole and develops sensitivity; as a Philosophy of life that opens new avenues of knowledge and personal development; as a wellness technique that promotes integral health.

In more specific terms, Yoga can be defined as follows:
a) the ultimate goal or end to be achieved;
b) means and techniques used to achieve this goal;
c) process and dimensions explored;
d) the resulting internal state (necessary to achieve the goal).

Let’s look at each of these aspects:
a) Goal or ultimate goal to be achieved
The word Yoga derives etymologically from the verbal root yuj (in Sanskrit), which means “bind, hold together”. This “union” refers to the integration of the physical, mental and spiritual body of the human being, and consequently on a higher plane, also to the fusion of the Individual Being (jîva-âtman) with the Universal Being (parama-âtman) or Supreme Consciousness, designating such a process as Samadhi or Self-transcendence – this being the goal of Yoga.
b) Means and techniques used to achieve this goal
To achieve this state of self-transcendence and because of this, various means and techniques where developed in India, which gave rise to different branches of Yoga:

  • Jnana-Yoga – path of knowledge, intuition and wisdom, through the study of the scriptures and meditation;
  • Bhakti-Yoga – path of love and devotion (to a deity, guru or prophet), through rituals, songs and praises;
  • Karma-Yoga – path of action, altruistic and unselfish service, through spontaneous acts free of egoic motivations;
  • Hatha-Yoga – path of mastery of body and breath, through physical postures, breathing techniques and purification (as a form of preparation for Raja Yoga);
  • Raja-Yoga – path of the domain of mind and consciousness, through meditation and mental disciplines.

Each branch of Yoga focuses on a particular aspect, and uses specific techniques to develop it, yet all refer to the same process of personal and spiritual development. Regardless of the chosen path or techniques used, above all there is just one Yoga, because the goal is always the same: Self-realization.

c) Process and dimensions explored
The Classical Yoga of Patanjali, which constitutes one of the great classical schools of Indian thought or Darshana (“perspective, point of view”), systematizes a whole course, consisting of 8 limbs or dimensions:

  1. Yama: Universal ethical principles, whose essence is to not harm any living being through thoughts, words or acts, ie: 1) Non-violence; 2) Truth; 3) Non-stealing; 4) Self-containment; 5) To not store what is not needed.
  2. Nyama: Body and psychical disciplin, ie: 1) Purification of body; 2) Contentment; 3) Austerity; 4) Self-study; 5) Dedication.
  3. Asanas: Body postures in which it is possible to remain physically and mentally stable, calm, immobile and comfortable for a long period of time, that is until they become meditative postures.
  4. Pranayama: Yogic breathing, which consists of the regulation of the inspiration, expiration and retention of breath, providing an introspective attitude, thus the basis of spiritual knowledge.
  5. Pratyahara: Liberation of the mind from the dominion exercised by the senses: the mind is directed to the interior, being protected from external disturbances and distractions.
  6. Dharana: Concentration of attention, in which the mind is focused on a single point or object.
  7. Dhyana: Prolonged concentration leading to Meditation.
  8. Samadhi: Transcendental state, in which the consciousness of the “I” disappears. The subject frees himself from his attachments (which are a source of suffering), and thus attains the absolute freedom of the Spirit.

d) The resulting internal state (necessary to achieve the goal)
“Yogas chitta-vritti-nirodhah” (Patanjali Yoga Sutras I-2). Yoga is the restriction of the fluctuations of consciousness. It is thus the practice of silencing the mind and ceasing the “mental whirlwind”. It is certainly a state of internal stillness which, by itself, is absolutely transformative!

“You do not have to travel to a remote place to seek Freedom; it inhabits the body, the heart, the mind, the soul.” (B.K.S. Iyengar)